Atividades

- Palestras – Com temas plásticos para adequar ao tipo de publico e interesses específicos. Demonstrando também a conexão com outras áreas do conhecimento.

- Demonstrações com práticas e experimentos - Aproximação de teoria e prática, tornando conceitos e idéias em noções mais concretas e palpáveis.

- Resgate da sensibilidade em relação à natureza

- Construção da noção de interdependência dos processos cíclicos do meio e de auto-inserção no ambiente natural e conseqüente valorização de relações de apoio mútuo e reciclagem

- Ser humano enquanto fauna e sua relação com o resto desta; biocentrismo; tráfico e exploração de animais.

- Sustentabilidade

- Teatros ecológicos ( faixa etária mais jovem).

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Agricultura ecológica produz mais e melhor



Por Lim Li Ching*

Oakland, Estados Unidos, 9 de março (Terramérica) - Embora poucos questionem que a agricultura ecológica seja melhor para o meio ambiente e as pessoas, existe o temor sobre sua suposta insuficiência produtiva.
Estudos recentes mostram que os rendimentos da agricultura ecológica são, em geral, compráveis aos da convencional em países desenvolvidos e significativamente altos em regiões em desenvolvimento, especialmente onde os investimentos são baixos, como na África. Um estudo mundial, com dados de 293 exemplos (Catherine Badgley, 2007), constatou que a diferença de rendimento da agricultura orgânica (que não utiliza produtos agroquímicos) com a não orgânica era pouco
inferior a 1 no mundo desenvolvido, mas superior a 1 nas nações em desenvolvimento.
Em média, sistemas orgânicos em nações ricas chegam a 92% do rendimento dos convencionais, enquanto em países em desenvolvimento agricultores orgânicos produzem 80% mais do que os tradicionais. Os pesquisadores estimaram que hipoteticamente os métodos orgânicos poderiam produzir alimentos suficientes, sobre uma base global por
pessoa, para manter a população mundial e, talvez, uma maior, sem acrescentar mais terras à produção. Os dados sugerem que fazer plantação de proteção com leguminosas pode fixar suficiente nitrogênio no solo como os fertilizantes sintéticos em uso.
Em uma avaliação de 286 projetos em 57 países, descobriu-se que os agricultores aumentaram sua produtividade em 79%, em média, ao adotar uma série de práticas, como manejo integrado de pragas e nutrientes, cultivos de conservação do solo, agrorreflorestamento, coleta de água em terras secas e integração de pecuária e aquicultura
nos sistemas agrícolas. Essas práticas também reduziram efeitos adversos sobre o meio ambiente e renderam benefícios, como a mitigação da mudança climática, evidenciados em um uso mais eficiente da água, absorção de carbono e menor uso de pesticidas.
Outros dados parciais mostram que:
- A média de produção de alimentos subiu 73%, para 4.042.000 pequenos agricultores de
cereais e tubérculos em 3,6 milhões de hectares.
- A produção de alimentos aumentou 150%, para 146 mil produtores em 543 mil hectares de
tubérculos (batata, batata-doce, mandioca).
- A produção total aumentou 46% em propriedades agrícolas maiores na América Latina.
- Na África, o aumento do rendimento médio das colheitas foi maior do que a média de
79%, com 116% para todos os projetos estudados de produção orgânica no continente e
128% no leste da África.
Os estudos sobre produção de alimentos com métodos orgânicos mostram crescimento na produtividade por hectare, o que desmente a crença de que a agricultura orgânica não pode aumentar a produtividade agrícola. Dados de 2002, 2003 e 2004 do Projeto Tigray (Etiópia),
em curso desde 1996, mostraram que, em média, as terras fertilizadas com compostagem (humus obtido por decomposição de resíduos orgânicos) deram rendimentos muito superiores às tratadas com adubos químicos.
Em Honduras e na Guatemala, 45 mil famílias quase quintuplicaram os rendimentos com uso de adubos verdes e esterco animal, cultivos de cobertura do solo, faixas-filtro de ervas para capturar potenciais contaminantes, e lavoura entre fileiras. Agricultores das difíceis
regiões montanhosas do Peru, Equador e da Bolívia triplicaram os rendimentos da batata, principalmente com adubos verdes.
No Brasil, o uso de adubos verdes e plantações de proteção aumentou o rendimento do milho entre 20% e 250%, enquanto no Peru a restauração das terraças de cultivo pré-colombianas levou a aumentos de 150% em colheitas no Altiplano. Em Honduras, práticas de conservação do solo e fertilizantes orgânicos triplicaram ou quadruplicaram os rendimentos. Em Cuba, com mais de sete mil hortas orgânicas urbanas, a produção saltou de 1,5 quilo para quase 20 por metro quadrado.
Na Ásia, a irrigação compartilhada nas Filipinas elevou o rendimento dos arrozais em cerca de 20%. Além disso, há informes de aumentos de 175% em fazendas do Nepal que adotaram práticas agroecológicas, enquanto no Paquistão os rendimentos de manga e cítricos subiram
entre 150% e 200% graças a técnicas como cobertura das plantas com resíduos vegetais, semeadura direta e o uso de compostagem, entre outras.
A Avaliação Internacional do Conhecimento, da Ciência e da Tecnologia no Desenvolvimento Agrícola (IAASTD), um estudo de três anos publicado em 2008, afirma que é preciso aprofundar a pesquisa e a implementação de técnicas agroecológicas para enfrentar os problemas ambientais e aumentar a produtividade. Além disso, os enfoques ecológicos permitem melhorar a produção local de alimentos com baixos custos, técnicas e insumos acessíveis e livres de dano ambiental.

* Lim Li Ching é pesquisadora do Oakland Institute e do Programa de Biosegurança da
Rede do Terceiro Mundo. Direitos exclusivos IPS.
Artigo produzido para o Terramérica, projeto de comunicação dos Programas das Nações
Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e para o Desenvolvimento (Pnud), realizado pela
Inter Press Service (IPS) e distribuído pela Agência Envolverde.
Fonte: (Envolverde/Terramérica)

Disponível em: http://envolverde.ig.com.br/materia.php?cod=57086&edt=1